terça-feira, 4 de março de 2008

Porto Velho, eterno caldeirão repleto de ingredientes que nunca se misturam

O ano era 2000. Fazia calor (como sempre) e chovia ao mesmo tempo.
Trancados em nossos quartos ou trocando idéias nas praças do Centro, todos tinham um desejo em comum: uma cena underground na cidade.
Ah, muitas conjecturas, teorias, previsões e sonhos... Mas, nada acontecia de fato. Em casa, as fitas K-7 e CD’s dividiam espaço com revistas e zines especializados em Heavy Metal e cartas dos mais distantes cantos do Brasil. Era tão comum saber das novidades de Belém, São Paulo, Rio de Janeiro, Fortaleza, Manaus, Cuiabá, Natal, Porto Alegre, Curitiba, Santo André e tantos outros lugares, que nosso próprio umbigo era esquecido, ninguém levava a sério ou então se conformavam com o que NÃO acontecia. Bandas punk, hardcore e pop existiam como a única opção para se ouvir algo com guitarra distorcida. Quem deveria ser condenado por isso? Eu? Você? O seu vizinho? Não. Não é por aí que a solução emerge.
A partir deste momento, Sortilégio e Metáfora, as duas ÚNICAS bandas de metal que existiam em PVH e que ainda não havia se apresentado, se propuseram a participar de algo que mudaria para sempre a situação de pasmaceira vigente, toparam participar de um evento na OFICINA DO ROCK juntamente com mais duas bandas ACREANAS, Dream Healer e Silver Cry. O The Night of Metal Warrior foi o marco zero no surgimento do calendário de shows e o start na construção da cena portovelhense (que muitos ainda teimam em não aceitar) e a Cogumelo Nuclear deu as caras, tentando fazer sua parte para que a mudança tão almejada ocorresse de fato.
E a OFICINA DO ROCK agora também era metal, e os eventos realizados no local foram bem-sucedidos (mesmo com o as eternas dificuldades para a produção), várias bandas surgiram como Oblivion, Dogma, Trendkill, Awake, Incinerador e tantas outras, diversificando o público e seus estilos. Neste meio-tempo, o Metal RO surge no campo de batalha provando que estávamos no caminho certo.
O tempo foi passando e as festas ocorrendo, o público aumentando e naturais críticas também. Mas, o que a maioria não tem consciência é que, realizar um evento de HEAVY METAL em Porto Velho, compara-se à investida de um soldado desarmado no campo de batalha inimigo. Além do provincianismo preconceituoso dos ditos moralistas da sociedade, os órgãos públicos SEMPRE dificultam as autorizações e afins para que tanto o local e o próprio evento não sofram qualquer tipo de embargo. E, graças aos contatos e articulações de nossa equipe, sempre conseguimos transpor esses obstáculos sem nunca desistir do objetivo.
Mas e aí? Está tudo bem? Conseguimos?
NÃO! De maneira alguma! Há ainda muito por fazer, nossa determinação continua firme mesmo com as dificuldades, mesmo com as tais críticas (por tantas vezes tão equivocadas) e para estes "formadores de opinião" uma sugestão: tenham conhecimento de causa, tentem realizar um evento e trilhem o caminho das pedras. A cena de Porto Velho agradece.


Cogumelo Nuclear